Elba Ramalho começava a cantar “Banquete de Signos” para 20 mil pessoas no Riocentro no show em homenagem ao Dia do Trabalho. Do lado de fora, no estacionamento, dentro de um Puma, uma bomba explodia no colo do sargento Guilherme Pereira do Rosário. Ele morreu. Seu comparsa, o capitão Wilson Machado, sobreviveu aos ferimentos. Era 30 de abril de 1981.
O atentado escancarou a ação terrorista do Estado. A ditadura militar já agonizava, e a farsa montada para tentar explicar o terror se esfarelou com os ventos democráticos. Agora, 37 anos depois, “Missão 115”, de Silvio Da-Rin, traz os meandros da ação que, por pouco, não se transformou em imensa tragédia.

Corpo do sargento Rosário destroçado por bomba que seria usada contra a multidão no Riocentro

“O atentado terrorista foi planejado pelo Grupo Secreto, formado por agentes militares e civis que tinham medo que a abertura política ameaçasse seus empregos e suas regalias. Eles queriam criar um clima de pânico. Quem fazia terrorismo eram os agentes do Estado”, diz Da-Rin em entrevista ao TUTAMÉIA (acompanhe no vídeo acima).
Na conversa, o cineasta (diretor, entre outros, de “Hércules 56”, de 2006) fala da produção do documentário e trata de conexões entre aquele momento e o atual. Um dos destaques é uma entrevista com Cláudio Guerra, ex-delegado do DOPS e participante do atentado.