“Embora Lula tenha essa cara de conciliador, para a maioria da população Lula é o cara da ruptura, o cara radical. A prisão de Lula criou no imaginário popular o sacrifício e consagrou o personagem bíblico”.
Quem faz a análise em entrevista ao TUTAMÉIA é Adriano Diogo, ativista de direitos humanos e ex-presidente da Comissão da Verdade Rubens Paiva, da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ACOMPANHE NO VÍDEO ACIMA). Para ele, “a população tem claro que, se Lula quisesse fazer qualquer permuta, chegava e dizia: ‘Não sou mais candidato’. Mas ele está preso e a população sabe disso. Ele está preso porque ele não abriu mão da disputa”.
Isso, diz Diogo, “consagrou esse personagem bíblico, que veio do Nordeste com a família de quatro filhos criados pela mãe, na pobreza, que foi morar lá na vila Carioca, naquele mangue, na casinha, que estudou e virou. O êxodo de Lula é coisa bíblica. Perante o povo ele tem essa dimensão. Os partidos políticos perto do Lula são anões. Lula mantém essa radicalidade acesa”.


Segundo ele, parlamentares “já teriam feito um acordão”. Mas, parafraseando o Lula, diz, quem não faz toma. Na visão de Diogo, os golpistas “erraram na mão ao prender o Lula. Erraram porque Lula cresceu um milhão de vezes. Ele se transformou num personagem da humanidade, se igualando a grandes líderes como Mandela, Gandhi, Martin Luther King”.
Para Diogo, “há energia crítica na população para reagir. A musculatura está enrijecida, mas o povo está querendo lutar. O povo está afim de lutar não por causa da política em si. Mas por condições concretas. O povo está percebendo que a partir do golpe houve uma redução terrível nos gastos de saúde, educação, no Bolsa Família; houve quebra de direitos”.
Nesta entrevista ao TUTAMÉIA, Diogo fala do aumento das violações de direitos humanos no Brasil pós-golpe, do massacre de jovens e negros nas periferias, da desastrada intervenção militar no Rio de Janeiro. Geógrafo por formação, ele trata da descoberta do pré-sal e dos interesses externos que motivaram o golpe.
Na sua opinião, é preciso transformar a eleição em plebiscito: a favor ou contra o golpe que destrói o país e massacra a população. “A eleição tem que ser o enunciado da insurgência. Tenho esperança. A batalha não está perdida”