“Neste momento, defender Lula é defender a democracia, contra essa regressão”, diz ao TUTAMÉIA a editora Ivana Jinkings, da Boitempo, ao falar sobre o livro “Luiz Inácio Lula da Silva, a Verdade Vencerá”, organizado por ela e lançado nesta sexta-feira (16/3) em São Paulo.
Ivana conta que a ideia da publicação surgiu logo após a condenação de Lula na segunda instância, em 24 de janeiro, quando ficou mais evidente que “o cerco estava tão fechado” e havia “um desmonte das instituições políticas, jurídicas”.
Ela lembra que a Boitempo, uma editora que segue uma linha crítica, nunca assumiu um lado partidariamente, em defesa de candidato. Mas, com base nessa avaliação da conjuntura, projetou uma obra feita não para defender o presidente, mas para dar voz a ele –em defesa da democracia.

O coração do livro está na entrevista de Lula concedida a Ivana, aos jornalistas Juca Kfouri e Maria Inês Nassif e ao professor Gilberto Maringoni, em três sessões em fevereiro. A editora afirma que não houve cortes nem censura. Segundo ela, o próprio Lula disse: “Perguntem o que quiserem”.
Nas conversas, diz, chamou sua atenção a disposição do presidente de enfrentar o processo político e jurídico que pode leva-lo à prisão. Na sua visão, Lula não se mostra “acuado”, tampouco “resignado” com a situação. “É um depoimento muito honesto. Aconteça o que acontecer, ele sabe o lugar que ele tem, o que conquistou”, declara Ivana.
O livro tem uma tiragem inicial de 30 mil exemplares, recorde para a Boitempo, e será distribuído em livrarias e algumas bancas. Ivana projeta uma importante trajetória internacional para a publicação, que já está sendo traduzida para o espanhol e inglês, o que lhe deve valer ingresso em mercados europeus e da América. Há interesse também de editoras da França, da Alemanha, da China e da Coreia do Sul.
Tendo a entrevista como seu cerne, a obra traz prólogo de Luís Fernando Veríssimo, prefácio de Luís Felipe Miguel, textos de Eric Nepomuceno e Rafael Valim e orelha de Luiz Felipe de Alencastro. Exibe cadernos de fotos da trajetória de Lula e uma cronologia organizada por Camilo Vannuchi.


Ao TUTAMÉIA, Ivana contou os bastidores da produção do livro. Começamos nossa conversa com ela tratando dos assassinatos de Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes. Falamos dos protestos que tomaram conta do país –com repercussão no exterior.
“Abriu uma porteira. A gente tem capacidade de reação. Há Indignação geral, ampla. Que seja o estopim de uma reação. Que bote a perder essa intervenção. Mataram uma flor, mas está brotando a primavera”, declarou.