Com cadernos na mão, pranchetas e canetas, elas chegam de mansinho. Carregam um estandarte e uma sombrinha com papéis pendurados contando o que são: artistas pela liberdade de Lula. Aos poucos vão reunindo gente, explicando um a um o que estão fazendo, propondo: fazer cartas para Lula ler na prisão.
O pessoal senta onde pode e sai escrevendo. Alguns ficam concentrados mesmo de pé, usando a prancheta. Outros ditam o seu recado. Crianças menores fazem desenhos. Alguns banquinhos são improvisados; surge uma mesinha de acampamento para ajudar no trabalho. Depois tiram foto dos textos e, se o missivista quiser, também dele.

Luiz Felippe Oliveira e, abaixo a carta que mandou a Lula

“O futuro do Brasil e dos meus filhos depende do senhor voltar”

Dessa forma, numa ação de formiguinha, milhares de cartas já foram enviadas a Lula em Curitiba a partir da iniciativa do Comitê do Teatro e Ativistas pela Democracia e Lula nas Eleições. Em São Paulo, em São José do Rio Preto, em Belo Horizonte, Brasília e no Rio, mobilizações desse tipo se multiplicam.

Os relatos que saltam das folhas com pauta emocionam as artistas calejadas. Tem gente que agradece, que manda força, solidariedade. Que pede simplesmente para ele voltar, pois o futuro dos filhos depende dele no poder.

Valentina e sua cartinha desenhada (abaixo)

“Você ajudou meu avô quando ele precisou”

Outros contam suas histórias de família: um filho que conseguiu estudar por causa do governo Lula; aquele que viu sua vida melhorar; alguém que conseguiu comprar coisas. Enquanto a letra cursiva vai se esparramando na folha de papel pautada, algumas lágrimas escorrem.
Com relação delicada e pessoal contida em cada carta, as artistas contam que aprendem muito. E fazem um apelo para que a Central de Cartas Lula Livre se amplie pelo país. A atriz Débora Duboc, uma das criadoras do movimento, contou ao TUTAMÉIA que as cartas têm sido enviadas a Lula por portadores especiais. Disse que os filhos de Lula que o visitaram na prisão em Curitiba relataram que a correspondência tem feito muito bem ao presidente. “Lula falou que ele se alimenta do que povo brasileiro está escrevendo para ele”, afirma Duboc.