Foi uma jovem brasileira baseada no Rio de Janeiro a criadora do pôster que Angela Davis segura na foto em que aparece ao lado da presidenta eleita do Brasil, Dilma Rousseff, em Stanford nesta semana.

Toda sorridente, a socióloga que liderou os Panteras Negras e o Partido Comunista dosa EUA, leva nas mãos um cartaz simples, em papel branco, que traz a foto de um jovem Lula em branco e preto e pede, em cinco idiomas, Lula Livre. Ao seu lado, segurando um buquê de flores, Dilma esquece a câmera e também olha para o cartaz.

À 1h25 do dia 18 passado, a escritora Jô Hallack, depois de ver a imagem que, àquela altura, já tinha corrido o mundo nas asas da internet, escreveu em sua página nas redes sociais:

“Ângela Davis e Dilma minha presidenta, segurando o cartaz pela libertação do presidente Lula. Que eu fiz. Morri.

Acabei de voltar do Processo, filme foda. Aí chego em casa e tem essa maravilha. Que mulheres. Que foda. Vou tomar mil chás de camomila que senão não durmo nunca mais.

Lula livre e bora pegar nosso país de volta!

PS: Quem quiser pegar o pôster e fazer a angela, rs. tá ai o link (O LINK ESTÁ AQUI)”

Empolgada com a foto e a viagem de sua criação, talvez Jô não tenha imaginado a viagem empreendida por seu cartaz para chegar às mãos de Angela Davis. Afinal, a intenção inicial era bem menos cosmopolita, como ela me contou ontem:

“Na verdade, essa história começou assim: eu fiz esse cartaz no sábado para um amigo meu levar para Beirute. E botei na internet. E botei no meu face e viralizou.”

Em Berkeley, onde Dilma iria antes de seguir para Stanford, a imagem empolgou outro jovem, que se apresenta nas redes como Felipe SF. Ele tomou a iniciativa de transformar o cartaz digital em imagem física, um pôster de verdade, como contou em mensagem para Hallack, que reproduzo a seguir:

“A história do pôster é curiosa. Moro em Walnut Creek, fica a uns 20 minutos de Berkeley. Fui para a palestra da Dilma sem convite.

Após uma pesquisa no Google, dei de cara com sua obra de arte. Estava atrasado, mas descobri uma gráfica pelo Google em pleno caminho. Quando cheguei, o cara já foi com minha cara porque já tinha visitado o Brasil. Combinamos 40 pôsteres por 38 dólares. Enquanto ele abria o arquivo, fui reparando na decoração da loja, foto do George Carlin, bandeira palestina… Fiquei feliz em estar dando dinheiro para uma loja como aquela e não a uma FedEx da vida…

Sem abrir o pôster, ele já foi falando bem da Dilma. Na hora que ele abriu o pôster e viu a foto do Lula, falou que iria melhorar a qualidade do papel pelo mesmo preço combinado.

Após um pequeno ajuste na centralização, ele imprimiu e logo me entregou os pôsteres. Quando fui pagar, notei que ele usava uma camisa do partido comunista. E foi logo dizendo o preço, 20 dólares.

Pensei comigo, esse Lula é realmente foda. Nos despedimos sem ele falar o porquê do desconto. Nem precisava, seu sorriso camarada disse tudo.”

Em Berkeley, ele distribuiu as imagens, e ativistas amigas deles, integrantes do coletivo feminista, entregaram a Dilma um pôster.

Que sobreviveu aos translados e deslocamentos na costa oeste norte-americana e chegou até Stanford para o encontro com Angela Davis.

A todas essas, Jô Hallack deu mais uma incrementada em sua criação, que recebeu animação, como pode ser visto abaixo.